terça-feira, 31 de julho de 2012

Olha aí... é o meu guri!

Ontem, indo trabalhar encontrei meus mini-vizinhos... Dois guris muito bacanas, educados e bonitos. Um deve ter uns 9 anos e o outro 8? rss... Sempre esqueço de perguntar.
Conversamos um pouco, eles estavam indo trocar um dvd... pirata! Esses dos vampiros modernos... rss.
Olhando para eles, me vi quando garoto. Aquela vivacidade nos olhos, no jeito de andar, os sorrisos... Aquele ar de inocência, pureza e alegria!
Se repararmos em algumas crianças, não parece que andam ou correm... parece que flutuam!
Sabem, como adultos devemos ter muito cuidado com eles... não devemos podar seus sonhos, intimidá-los com medos etc. Devemos enche-los de coragem, entusiasmo, amor, educação e valores morais.
Não devemos permitir que os maltratem, muitas coisas eles não entendem.
Tenhamos paciência, atenção para ouvi-los e instruí-los em seus questionamentos.
Quando falarmos com uma criança, não tenhamos vergonha de nos abaixar, até ficar na altura dela... não tenhamos vergonha, de por algum momento, entrar em seus mundos imaginários.
Não esqueçamos que um dia, também fomos crianças... e tínhamos a mesmas necessidades e peraltices da fase.
Acabaremos percebendo que quando as tratamos com respeito, elas percebem, pois, são muito verdadeiras e espontâneas.
Saberão identificar o ser humano que somos, á metros de distância... e quando nos olharem nos olhos (mesmo até sem nunca nos ter visto na vida), nos entregarão seu mais rico tesouro... um lindo e sincero sorriso.

E isso invadará nossos corações de Paz.



segunda-feira, 30 de julho de 2012

Perigo!!!

Começou como uma brincadeira em volta da fogueira... risos, olhares, palavras e calor!
Como eram só "inverdades", não deu créditos para uma história que surgiu como fumaça.
Diz a sabedoria que onde há fumaça, tem algo mais... Brincou com brasas na frente de todos, pois, não havia o que temer... não iria se queimar, nem pretendia.
Muito seguro de si, ajeitou os gravetos com maestria, e não se importou quando alguém brigou, dizendo que o fogo estava alto de mais!
Oras... não tinha perigo algum. Será que não se conhecia?! Claro que sim... ou talvez.
Até que mais fogueiras precisaram ser acesas... e era Inverno, um convite à proximidade.
Aproximar siginifica: tornar-se íntimo, logo, o calor virou atração. Perigo!!
Um beijo roubado... uma bomba no amontoado de madeiras queimando.
A explosão confundiu tudo... mas desevendou o que havia por trás da fumaça... Paixão!
Não teria o que pensar sobre os novos sentimentos... Mas existiu a dúvida, o medo, a culpa(?)
Apagar tudo seria a melhor solução... esquecer! Ser feliz para quê? O que os outros iriam pensar?
Ok... poderia ser feliz outra hora, outro momento, outro mês... ou em uma outra vida!
"Não pense em você!" - é o que refletiu o espelho
"Pense nos outros!" - ele insistia...
Então, num ato de coragem... deixou que todos soubessem, mesmo da pior maneira possível... por mentiras!!
E então, foi queimado, em praça publica como uma bruxa na inquisição. O nome na lama... Pessoas se afastaram... as queimaduras foram inevitáveis.
Porém, como num sonho tudo ficou muito agradável, uma perfeita harmonia. De alguma forma, deveria passar por isso... deveria perder para ganhar!

Quando deita a cabeça no travevesseiro, ela está em paz... o coração se sentindo seguro. Diferente das línguas que insistiam em açoitar o que elas não compreendem... as chamas de um  Amor verdadeiro.

domingo, 29 de julho de 2012

Amargo e Afável - Parte 3/4

Fique ali, aquele pouco tempo, lembrando também do ciúme que as crianças sentem umas das outras quando elas chamam só por ver que está a dar atenção a outra (e elas não têm culpa nisso; cabe a nós explicar que não há necessidade, que ela é tão importante quanto as outras e as outras são tão importantes quanto ela), lembrando de quando elas chamando para fica ao lado delas para que comam, pedindo que dê comida na boca delas só para que fique ao lado delas, querendo atenção, lembrando até da bronca que se tem que dar quando, ás vezes, ameaçam chorar ou fazem manha quando se tem que sair do lado delas; da agitação que algumas ficam quando eu chego. De quando elas, mesmo já com sono, fazem um esforço tamanho para ficar acordadas esperando a vez de ser ninada pelas tias.

Na hora da saída, enquanto algumas esperavam pelos pais, eu sentei de frente para elas, no chão, como sempre faço, e fiquei conversando, ouvindo suas histórias. Uma delas, uma menininha, veio e se jogou nas minhas pernas e ficou toda espichada levantando a mãozinha – Tio, faz aquele “negôço” - pedindo aquela brincadeira de cócegas que faço “Cadê o ratinho que estava aqui? O gato comeu (...), lá vaio gato atrás do rato...”. E aquelas mãozinhas minúsculas tentando me fazer cócegas – Agora é minha vez. 
Ter isso ameniza a dor de não ter meu e me deixa extravasar um pouco todo o carinho que ficou preso. Nunca quis ser pai, desejei uma vez, com alguém, entendendo e sentindo a razão de desejar, por ter o fruto da junção de duas carnes que têm amor, por ser fruto e prova legítima. E aquelas crianças me dão um pouco do que me foi negado.

Tudo isso estava girando na minha cabeça. Eu estava lendo “Cidade do sol”, e dois dias depois, um sábado, na casa da minha mãe, acabei de lê-lo. E então me bateu a consciência sobre o que desesperadamente eu era incomodado tanto à saber. Somente naquele dia me abateu o entendimento e a consciência de todo o pensamento: Nós sobrevivemos.
Foi só naquele momento que entendi ter solucionado o que tão urgentemente eu precisava saber; e eu precisava saber “Por que sobrevivemos? Qual o valor da vida? - Eu precisava lembrar. Eu precisava ser consciente de o porquê estava vivendo.
Nós sobrevivemos a todo o sofrimento que passamos, sobrevivemos às dificuldades que a vida nos impõe, sobrevivemos às frustrações, às limitações. Sobrevivemos às magoas, sobrevivemos às derrotas, sobrevivemos aos erros... Às vezes, até deixamos de caminhar, paramos, mas sobrevivemos, resistimos. E para quê?

E é para isso: Sobrevivemos para gozar dos momentos bons, para viver coisas boas, sobrevivemos pelos momentos felizes, sobrevivemos para fazer alguém feliz pelo simples fato de estarmos ali.
... E aqueles pequeninos fazem uma grande diferença na minha vida. A paz que é saber que estou e faço diferença na vida deles.
Mesmo com todas as amargas e dolorosas perdas, mesmo com todas as inúmeras dificuldades, frustrações e as tragédias habituais as quais somos acometidos, nós sobrevivemos.

Então foi isso que entendi, o que tinha urgência em entender:
- Eu estou aqui, eu sobrevivi, e não é só por mim que estou aqui. E isso faz toda a diferença.

Mas algo ainda estava me incomodando...

Alexandre Vieira.

(continua)...

Amargo e Afável - Parte 1/4
Amargo e Afável - Parte 2/4
Amargo e Afável - Parte 4/4

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Amargo e Afável - Parte 2/4

No dia seguinte àquilo, de tarde, enquanto as crianças comiam – eu não sei o nome dela, e recordo de vê-la pouco (aquela funcionária) – e eu conversava com algumas delas, indo de um canto a outro do refeitório atendendo seus chamados para ouvir suas histórias – uma boneca que a mãe comprou, um presente que o tio deu, um passeio que fez no final de semana (às vezes só para ficar ao lado delas) - ou chamá-las a atenção por não estarem comendo, ela parou seus afazeres e disse:
- Você vai ser um bom pai, sabia? – E nessa hora eu estava com uma das crianças no colo, ensinando outra a como segurar a colher corretamente para comer “bonita” e um menininho agitando ao meu lado, tentando me fazer cócegas - e eu senti aquela velha tristeza afagando uma cicatriz dolorida no peito e, na boca, a, agora branda, amarga lembrança da perda da minha sobrinha (há anos; ela tinha um aninho) e a desgostosa sensação (ainda recente) soterrada e irremediável de não mais poder sonhar ter a garota que amei ao meu lado e a frustração de não mais poder imaginar nossa suposta filha (porque ia ser tão bela quanto à mãe, ter nossos jeitos quietos e o olhar manso) dormindo no berço, brincando e espalhando seus brinquedos no quarto ou tentando chamar nossa atenção pedindo colo enquanto conversávamos no sofá da sala... Mas no mesmo segundo pensei “e já não estou sendo?”, dizendo a ela: Olha quantos filhos já tenho, não está bom? – E sorri um sorriso meio amargo misturando satisfação e aquela pequena dor que ela viu somente orgulhoso e satisfeito em meu rosto.
Depois das crianças comerem, já estava perto da minha hora de almoço. E eu saí para comer, depois delas escovarem os dentes, e elas já estavam na sala – Era hora de dormir, descansar e só acordar de tarde.

Então eu saí, estava fumando um cigarro, e estava ansioso para voltar, e achei engraçada essa vontade. Estava pensando naquele menino agitado e “desobediente” (não é culpa dele, as crianças têm energia e querem gastar e, ás vezes, não têm quem imponha limites às suas vontades) perguntando “Tio, vai me coloca pra dormir hoje?”... E era uma sensação boa aquela lembrança do que ocorrera minutos atrás. Eu olhei para o céu, sorrindo, e senti gosto na vida, me senti importante - Para alguém eu faço a diferença...
Eu sorri meio amargo, lembrando também de minhas tristezas, mas naquela hora eu sabia que valia a pena estar vivo, eu senti o porquê eu sobrevivi a tudo - eu me senti em paz.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Amargo e Afável - Parte 1/4



Pela primeira vez, desde que comecei, eu havia ficado mais de um mês sem escrever qualquer coisa (sequer uma anotação vaga) – Foi um tempo difícil -, deixando os pensamentos fugirem, (e também não mexi no violão) deixando as canções escaparem. E assim ficaria, pois não encontrava mais animo para isso, não havia razão para escrever; Não havia coisa relevante, coisa não dita. Mas três fatos desencadearam pensamentos insistentes que me fizeram retornar, pois passou ser necessário dizer. Passou a ser escrever para poder ler depois; para não esquecer.
Diante da página em branco naquela noite, eu quase me esqueci dos pensamentos significativos que havia tido minutos atrás, do quê me fez correr ao caderno, mas consegui lembrar-me muito bem de tudo como ocorreu e o que me levou a ter esses pensamentos.

- Saí de casa atrasado, peguei o primeiro ônibus vazio que parou - depois de fumar meu cigarro já no ponto - e fui sentado durante os 15 minutos de viagem. Soltei com o ônibus ainda em movimento sem atentar para o mundo á volta, sem olhar rostos ou enxergar as pessoas, fixado na idéia de chegar logo ao serviço. Andei em disparado, freneticamente por uns cinco ou seis metros, dos cem metros até a porta da escola. Ouvi uma breve freada e um barulho oco e depois vidro quebrando com o impacto.
Meu rosto virou-se para o som sem que eu mandasse. Vi a figura de uma menina sendo arremessada pelo ar e voltando ao chão para ali permanecer inerte.
Tentei não olhar para aquela figura posta ao chão enquanto vultos de carros passavam velozes cortando minha visão e outros freavam e paravam bruscamente entre mim e aquele acidente – Agradeci por isso, por não poder ver e por decidi ir logo para o trabalho, pois disseram mais tarde que seu rosto estava desfigurado e que havia muito sangue, que ela fatalmente devia ter morrido (e só a descrição da coisa e essa última informação já era o suficiente para me deixar abalado e fazer meus nervos enrijecerem).
Tentei não pensar nessas coisas, esquecer o ocorrido, e por vezes as crianças conseguem fazer me esquecer de tudo, de todas as minhas tristezas, amarguras, frustrações; As crianças conseguem fazer me esquecer de tudo o que dói – nas crianças eu sinto possível poder construir um mundo novo, é pelas crianças que tenho a esperança de que alguma coisa boa aconteça -, mas elas não podiam competir contra os adultos e o leva e traz de notícias “quentes” e, então, o meu dia foi tomado por uma tristeza branda e abatida de ver que num piscar de olhos uma vida, seus desejos, sonhos e tudo o mais, não estavam mais ali; pela nítida e impressionante sensação de impotência e fragilidade que cerca a vida humana – Mas não por isso, eu estava triste. Lembrei-me de meu tio, falando e rindo ao telefone com a esposa do meu primo, falando da neta, e de repente... Um tiro, um único e pequeno pedaço de metal fundido o tirou de nós; Sem deixá-lo se despedir ou terminar a frase que ia dizendo, sem aviso... E minha sobrinha que em um dia estava em meu colo, com febre, apenas febre, e no outro eu nunca mais poderia pega-la no colo ou sentir aquele cheiro doce ou sentir o leve daquelas mãozinhas.
Pensei naquela menina por todo o dia. Dezessete anos. Estava pensativo por fora, desligado das coisas, mas estava arrasado por dentro como se chorando inconsolável, e eu não entendia por que me abatia tanto pensar naquela menina que eu não conhecia.
Que sonhos tinha? Quem ela amava? Quem a amava? E senti urgência em saber alguma coisa até então muito subjetiva para eu ter clareza do que seria.
Disseram que falava ao telefone, e falaram com o ar acusador, típico das pessoas que não se importam: “Mas também ela devia estar assim” – e andou pelo pátio fazendo a mímica da menina andando displicente falando ao telefone ao atravessar a rua, dando a idéia que de alguma forma ela mereceu ser atropelada, que tinha culpa naquilo - E essa é, também, das coisas que me deixavam mais incomodado: As indagações, as acusações sem qualquer prova, as conjecturas de quem nem ao menos entende a dimensão do que fala, a disponibilidade e facilidade com que alguns têm e encontram para apontar. A falta de tempo e a indisponibilidade que há para amar o próximo ou ter compaixão, para sonhar seus sonhos e ser, no mínimo, solidário ou impassível no pior dos casos – Há castigo pior que pagar com a vida por um erro tão bobo? É realmente necessário ainda difamar alguém tão severamente castigado?
Talvez sofrer grandes perdas nos ensine, talvez seja necessário – Como o que é preciso ver para crer, como o que é preciso sentir para entender. Mas... Qualquer um que tenha sofrido uma perda significativa entende: Uma perda nunca ensina o bastante pelo o que se perde, o ensinamento nunca irá justificar a perda, nunca irá justificar perder irrefutavelmente. Nunca é tão valioso pela dor e tristeza irremediável.

(Continua)

domingo, 22 de julho de 2012

Sabedoria noturna - Carência.



Eu sei porquê eu gosto da madrugada, é eu e eu, sem fingimentos ou mentiras.

Três e meia da madrugada. Eu nunca vi tanta gente carente, tanta gente... Sozinha. Tanta gente sozinha... Aflita e... Desesperadas internamente. Perdidas e tristes.

Uns procurando calor, outros procurando amor... Todos fugindo da solidão, gritando em sussurros subjetivos e socos nos muros da própria mente.
As coisas mudam dentro do nosso coração, mas nós sempre vamos precisar de amor. Sempre vamos precisar amar...

E é tão escancarado. Nunca vi tantas pessoas se sentindo sozinhas... diferente daquelas que estão bem consigo sozinhas. Mas as pessoas esquecem o que é isso, e então tornam a se sentir só, porque... Mais quem reparou? Ou qual foi o pai que ensinou ao filho? E quais foram aqueles que entenderam?

Nunca vi tantas pessoas se sentindo sozinhas... Todos fugindo da solidão, gritando dentro dos muros da própria mente - Postados em sussurros subjetivos e socos
Desesperadas internamente. Perdidas e tristes. – E isso te leva a fazer qualquer coisa imediata; Mas isso não te salva, não te impede de em pouco tempo “pessoas se sentindo sozinhas”.

- Espera – Ele disse.
- O que é?! – Ela perguntou, decepcionada, frustrada. E iria embora, sem pensar.
- Eu não sei, mas espera – Ele respondeu.
- O que é?
- Não sei, apenas espere. Só quero que espere um pouco – Ele disse.

Eles se conhecerem em um dia de inverno, e fazia esse mesmo frio. Gostaram um do outro. E diferente do que sempre ocorre, tinham mais em comum (mas não tudo) do que a solidão, a carência e o frio.
A história de cada um é diferente depois disso, mas a questão é: Você lembra? Você lembra o porquê está com alguém, o que te levou a fazer isso?
Divertira-se, sorriram. Foram felizes até que... Esqueceram. – E as pessoas estão esquecendo rápido demais...
São essas doenças do século XXI. São as novas doenças, os novos cânceres - Superficial e imediato.

“Não sei, apenas espere...”

É fácil, realmente fácil estar com alguém, mas... Não sentir-se sozinho e fazer alguém não se sentir sozinho... Uma noite, duas, três... Mas isso não te salva do “pessoas se sentindo sozinhas”.

E é um "fingimento" muito grande, as pessoas sem consciência alguma brincando com seus bonecos(as) de ouro, quebrando-os(as). - Então, compra-se outros. E é como se nunca tivessem nenhum, mas nunca tiveram...

Lembre-se que á noite faz frio... E que conhecer alguém, ser conhecido, uma história, é coisa difícil...

“Não sei, apenas espere...” – Antes de jogar tudo fora. - Você se lembra daquela marca na árvore? - E não espere perder para lembra porquê está com alguém... E lembrar de toda história... 

Alexandre Vieira

sábado, 21 de julho de 2012

Amargo e Afável - Prologo.




O dia estava frio, era sábado. Eu estava olhando o amanhecer pela janela do meu quarto. A névoa cobria o céu e descia até a rua.
As pessoas passavam caminhando pela rua indo trabalhar e uma moto fez barulho subindo a rua a minha frente. E eu apenas observei aquela imagem.
As pessoas já haviam sumido, a moto já havia partido quando acordei daquela imagem, e a névoa permanecia. Apenas os pássaros, era tudo o que eu ouvia. Depois as portas batendo, mais pessoas saindo... E eu olhando aquela imagem, tão nítida.
Alguns pássaros voavam, mesmo no frio, e apesar da neblina, o céu não se escondia – lá no fundo a imagem belíssima da copa da árvore inebriada pela neblina e o céu do amanhecer quase fazendo um arco iris...

“Como minha memória e minha fé, guardei a bandeira do regimento que me foi dada. Eu continuo a acreditar, como você também deve, que todos estão vivos - Todos de quem falei, e outros que não conheci tão bem. Todos eles estão vivos em algum lugar, e naquela época, eu tinha a mesma idade que você.”
A Resistência. – Render-se não é uma opção.


(Aguardem o que virá...) 

Alexandre Vieira.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Criança


Já se deparou com uma criança que tem pavor de coisa tão boba?
Você diz: - Meu amor, é só uma foto. Vamos tirar uma foto? – Mas ela não quer, têm pavor por alguma experiência passada. Chora, se joga no chão, mas não por pirraça, e você sente que não é manha, então dá uma pena forçar a criança.
De outra vez, essa mesma menina, quando foram médicas à escola, não queria se pesar, muito menos deitar no colchão para que pudessem medir seu tamanho. - Foi uma luta, e ai sim, vira algo ruim, pois tiveram que segura-la. E ela correu para atrás de mim, assustada, e eu não tinha o que fazer, dizia: “Meu amor, a tia só vai medir você, não vai doer”, mas ela não escutava. E o pior, fazia uma cara tão assustadinha, como quem dissesse “Por favor, me ajuda. Eu não quero”. E chorava, esperneava, e estendia o bracinho para mim enquanto a levavam, e eu não preciso dizer que isso quebra nosso coração.

Outro dia me vi assim, a consciência, a vontade e a... Não sei o nome, talvez “coração”. Não sei, é lá onde fica o amor.
Eu dizia, em consciente, “Por que não?”, mas ele sempre acha um impedimento, diz que não quer, e até o vejo espernear se um pouco forçado a tentar – como uma criança que não quer comer e, mesmo mastigando a comida, está pronta para cuspir, engole e para cada nova colher, fecha a boca e vira o rostinho para os lados.
Eu estava olhando isso, não sei quando, essa criança dizendo “não quero” e fazendo corpo mole, mas não de pirraça, não tinha vontade, não queria, não tinha saco. E não era manha...
– Sabe quando você acaba de sair do supermercado lotado e te falam que você vai ter que entrar de novo?

Uns dias antes, um amigo reclamando da namorada, falou um monte de coisas, e depois disso, fez a pergunta chave:
- Você, se você entra em um relacionamento agora, você vai fazer uma pessoa pagar pelos erros que outra pessoa cometeu com você?
E eu disse:
- Complicado. Consciente, nos escolhemos, temos consciência das coisas. Inconscientemente, não temos escolha, a criança é quem manda, a inocência e a ingenuidade. Somos o que somos e o que vivemos e, às vezes, cansamos. Não que essa outra pessoa vá “pagar” pelos erros de outra, mas é quase isso. As coisas nos mudam, o frio nos torna frio, o quente nos torna quente, se é que me entende. Somos o que somos e as coisas que vivemos...

Então voltamos à criança, que pouco vejo, quase sempre inconsciente nos meus gestos; É quando eu sei que todos pagam por isso, quando me deparo com coisa tão boba: Essa rejeição e esse medo e essa falta de vontade, de senso e consciência dos atos para os corações alheios a tudo isso – Os monstros imaginários que a criança teme, que estão sempre rondando nossos berços.

- Sim, e na verdade, todos vão pagar por isso – respondi por fim – e é quase imperceptível, porque a criança é inocente e é ela quem sempre fica com o trauma.


***
Fazendo uma visualização rápida:
O corpo, a carne, o espírito, a alma. A consciência, a inconsciência e o instinto. No fundo disso, a criança, no mais intimo da lembrança; E tudo isso no mesmo plano.
Por mais fraca ou forte que possa ser a pancada, fora nos vemos, o que é externo, o que é pouco interno. Cuidamos, cicatriza e “cura”, até pode deixar marca. Para algo interno, tão lá no fundo onde fica a criança, sempre fica o “trauma” da pancada, e apenas isso, o trauma.


Alexandre Vieira.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Diálogo: O Anjo e o Humano...

Humano:
-Tenho uma bomba... jogo lá fora?
Anjo:
-Mas se jogar fora, ela vai "machucar" quem não tem nada haver...
Humano:
-Esse é o objetivo, quero que elas vejam a minha dor!
Anjo:
-Como assim? Porque?
Humano:
-Estou ferido, sangrando...
Anjo:
-Quem te fez isso?
Humano:
-Uma pessoa em que confiava muito.
Anjo:
-Porque não resolve com ela?
Humano:
Porque estou com muita raiva.
Anjo:
-Ah, tá... então, vai dissipar sua raiva nos outros... qual é o objetivo?
Humano:
-Que vejam minha dor...
Anjo:
-Isso não é ser coitadinho?
Humano:
-Não. Preciso falar com alguém... preciso desabafar.
Anjo:
-Entendi... vai falar com todo mundo? Menos com quem te fez mal?
Humano:
-Sim...
Anjo:
-Aí, você fica bem... porque todos vão se compadecer da sua dor mas e o "vilão" da história?
Humano:
-Ele me enganou, me traiu não quero vê-lo mais...
Anjo:
-Mas com isso... você não resolve o problema.
Humano:
-Não importa! Ele fez tudo errado...
Anjo:
-Bom, isso é o que você me diz... isso á sua verdade.
Humano:
-Pode acreditar que não estou mentindo.
Anjo:
-Só poderei acreditar, quando ouvir a outra parte e mesmo assim não terei uma verdade inteira, percebe?
Humano:
-Mas se estou dizendo à você...
Anjo:
-E porque não dá ao outro a chance de se explicar? É muito difícil, não? É mais fácil agir como criança que adulto... mas olhe... a outra pessoa é tão "ruim",que ela reza por você todas as noites...
Humano:
-Como assim?
Anjo:
-Todas as noites antes dela dormir ela pede proteção à todos seus amigos e seu nome também faz parte da lista.
Humano:
-Isso não é verdade!
Anjo:
-Então, eu estou mentindo? Ou seu egoísmo fala mais alto? A sua dor não é a única no mundo... e eu vejo que a sua verdade é só o que você quer ver... não quer admitir seus erros, só mostrar para todos o quanto é vítima e que só o outro errou...
Humano:
-O que faço agora?
Anjo:
-Para começar acorde e tente se lembrar desse sonho... depois ouça a outra parte, só ouça... verás que a sua verdade, foi algo que você criou, para seu próprio conforto. Aí então, faça o que tem que ser feito, mas com justiça e não inverdades!



quarta-feira, 4 de julho de 2012

Movimento


Preciso contar histórias, preciso ouvi-las, vê-las passando diante dos meus olhos ou na minha mente.
Não posso ficar só esperando algo real... preciso ir buscá-las em algum lugar.
Talvez dentro de mim ou nas outras pessoas... talvez lá no fundo do oceano esteja uma história esperando para ser descoberta... contada!
Uma sereia que se apaixonou por um marinheiro? Mas como ela se deixou enganar? Ah, ele tinha um violão. ok...
Escrever não é fácil... já escrevi isso, eu sei. Não estou lamentando... só brincando com as palavras e a madrugada.
O que eu fiz de extraordinário ontem? Reguei as plantas e... cantei para elas. Isso mesmo, achei que estavam muito sozinhas... entediadas com sua folhas e raízes.
E elas? Bem... elas riram... e isso já me lembra "O pequeno príncipe"!
Sabem conheço algumas pessoas que eu as vejo em filmes, rs. Como uma certa moça, que vamos chamar de Dalva!
Uma moça muito religiosa, que desde criança, ia à igreja... e por conta disso foi muito cobrada... de uma certa forma, impedida de crescer. 
Então, uma fatalidade abateu-se sobre sua vida, a perda de alguém muito importante... Ela quase enlouqueceu!
Brigou com Deus, se deprimiu, fez terapia, tomou remédios... Foi uma fase muito difícil!
Até que as coisas começaram a caminhar...  e ela passou a se libertar de todos  impedimentos acumulados.
Já não era mais a mesma pessoa... ou era? Sim, era. Mas algo havia mudado... e para melhor!
Descobriu a dança e seu corpo começou a falar por ela. O corpo queria espaço, era o espaço que tanto não teve, agora tinha. A dança, foi como uma chave que dizia: "Vá, menina! Voe!"
Ela foi... sem abandonar a fé. Porque, agora tinha consciência para decidir por si mesma o que lhe faria bem ou mal...
Agora seria sua ESCOLHA que contava, acima de tudo.
A tão acanhada lagarta no casulo, virou uma linda borboleta...