quarta-feira, 12 de março de 2014

O sonho de Ícaro

Tem horas que precisamos do movimento. Atingimos certo pontos na vida que não é que nos falte algo, mas queremos mais... mais uma dose de estímulo, mais um pouco de ar!
Quando se aprende a voar, logo, queremos voos mais altos. Mas sempre tem um trânsito. Quantas asas!!

Eis, que arriscamos manobras, ou simplesmente pairamos nos céus... algumas vezes nos deixamos cair, lentamente mas o fazemos. Só pra curtir a sensação, a adrenalina! E isso nos tira da fila, da mesmice dos mortais.

Um dia encontrei um anjo caído, muito admirado perguntei o que havia acontecido.
- Estou cansado! - disse ele
Eu indagava com os olhos.
- Cansado de ser bonzinho, de servir, de ter poderes... cansado de vocês!!
Me deu as costas e foi andando em direção ao mar.
O que iria acontecer? Eu me perguntava rindo da situação. O anjo que se demitiu!
Ele ainda era um deles, mas algo estava acontecendo com suas asas... foi então que o mar molhou seus pés.
Nunca vi aquilo, o oceano recuou um pouco. E o ainda anjo avançava, com um sorriso imenso nos lábios, abriu os braços e as ondas se normalizaram.
Então, ele mergulhou. Não sei quanto tempo se deu tudo isso mas ele permaneceu muito tempo lá embaixo.
Pensei que houvesse morrido(?)... pensei tanta coisa... e caminhei para perto, para entender o que havia acontecido.
Uma enorme onda se fez, e lá estava ele no meio dela, junto com seres aquáticos (!?)... pensei ter visto uma sereia e um homem com rabo de peixe e um tridente na mão.
O anjo ainda sorria...

Cai da cama e fiquei deitado no chão. A queda não foi tão forte como meu sono. Mas entre acordado e dormindo percebi que algo acontecia embaixo da minha cama.
Eu estava diante de uma espécie de portal. Pensei que deveria ser um sonho, quando vi um beija-flor atravessando o tal portal.
Mas ele não era um beija-flor qualquer, ele era do tamanho de um cachorro!!
Levantei e fiquei com o barulho daquelas enormes asas batendo dentro do quarto. A velocidade era reduzida, talvez pelo porte da criatura. Suas penas eram de uma beleza nunca vista, cores vivas, vibrantes.
Um grito veio de dentro do portal... uma criança indígena apareceu.
Assobiou e o beija-flor pousou. Ele subiu em cima e pequeno curumim ordenou outra coisa... antes que ele levantasse voo... o menino olhou para mim e se despediu.
Eu só observava a tudo... estático.

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