segunda-feira, 2 de abril de 2012

Epísodios

Estávamos na região central, num bar, quando aconteceram algumas situações:

Cena1
Minhas amigas estão fumando, fora do bar e observo um vendedor de rua se aproximar. Elas contam depois que o vendedor, perguntou-lhes, se elas gostariam de comprar as pulseiras que ele estava vendendo. Elas não se interessam. Ele, então, pediu R$1,50, para completar o que faltava para a compra de uma garrafa de vinho. Elas nos disseram, que por não terem o dinheiro trocado, negaram o pedido.

Cena 2
Uma criança pediu à um dos meus amigos que comprasse suas balas, meu amigo se recusou, assim como eu também o fiz, porém ela insistiu para que ele comprasse... ele, por estar conversando com outra pessoa, lhe deu uma resposta meio "atravessada". Não gostei e chamei sua atenção, de uma maneira discreta: "Talvez você devesse ter falado com ela de outro jeito." Ele explicou que ela estava sendo insistente. Ok.

Cena 3
No mesmo bar
Enquanto bebíamos, comíamos e conversávamos chegou outra pessoa, pedindo dinheiro. Não seria o último ou o primeiro. Negamos mais uma vez. Ele viu um único pedaço de frango que restaria de uma porção e pediu. Não tive dúvida e ofereci. Este, fez um breve discurso agradecendo e me chamou de "Meu Príncipe".


Diante das 3 cenas, posso observar que a questão principal não seria o doar ou não doar. Até porque, não dá para sair "ajudando" todas as pessoas pessoas que vemos pela frente.
Mas, como lidamos com a situação é a questão.
Esses bares que ficam com mesas nas calçadas, nos colocam nesse tipo de situação. Foram vários pessoas pedindo e confesso, fiquei irritado, assim como meus amigos. É algo inconveniente. Porém, em nenhum momento eu julguei aquelas pessoas. Se fazem por que se aproveitam do momento, se realmente precisam... isso só podemos supor.
A única coisa que tentei fazer é tratá-los como gente. Sem aquela indiferença, sem ser grosso, sem ser mais um a só negar (e eu neguei) e não enxergá-los, como se lidássemos com "coisas", não agradáveis. E sei que é difícil... Sim, é.
Você está num momento de descontração, na companhia de amigos, "socializando", vamos dizer assim. E é interrompido, uma, duas, três...para lidar com uma realidade que não faz parte da sua.
Não está nas suas mãos ou nas dos seu amigos a solução para tudo aquilo. Se você der uma esmola, mudará o que? Irá para casa com o sentimento de dever cumprido?
Creio, que se sentirá melhor se, mesmo negando um pedido, não negue um olhar, uma palavra ou um gesto de atenção.
Claro, que há de se convir que não podemos ficar de papo com qualquer desconhecido ou sair doando tudo que temos. Há de prevalecer, questões que se referem à locais, horários, pessoas, companhias, enfim... cada situação é única. Porque, não podemos deixar de ficar alertas para situações de risco, atitudes de má fé etc.

Por último, tento me colocar como cada uma dessas pessoas e imagino quantos "Nãos" ouviram durante toda noite. Mas sei que diante de tantas negativas, talvez tenha "doído menos", para o vendedor que ficou conversando com minhas amigas e ganhou um sorriso, deve ter doído menos para o rapaz que pediu o pedaço de frango e fez aquele agradecimento...

Mas e a garotinha? Aquilo doeu... em mim. Talvez, assim como muitos de nós ela já tenha se acostumado como esses comportamentos, mas, rezo para que ela esqueça toda essa INDIFERENÇA.

Um comentário:

lógos Alethéia disse...

Fato. Incomoda-me também essas coisas, é realmente um ponto importante e fundamental: Ver, enxergar. Porque há aquele que se esquecem que são gente como nós, se acostuma com as pedradas que recebem, e há aqueles que não os lembram de que são gente como nós e têm dignidade. Sejamos os que lembram.