sábado, 1 de março de 2008

Até onde Você pode ir...




Diálogos

Ele: Não, não tenho raiva dele... É que ele sempre estava sorrindo! Um sorriso meio cínico...

Eu: Por que o matou?

Ele: Um momento insano... Acho que ele pediu isso...

Eu: Pediu?!

Ele: É... Ficava me provocando, me humilhando e...

Eu: O que ele dizia?

Ele: Que eu era gordo! Um monte de banha ambulante, que minha banha fedia...
(Pausa...)

Eu: Podemos... Voltar?

Ele: Acho que sim... Olha eu até me arrependo, mas também me sinto aliviado.

Eu: Entendo... Mas ele não existe mais. Você tem a noção disso?

Ele: Acho que sim pra mim... Mas pra mim não faz tanta diferença, quer dizer agora estou encrencado...

Eu: Já parou pra pensar na família, amigos, pessoas que ele deixou?

Ele: Não sei o que dizer... Acho que foi um momento único... Você não consegue ver nada! Só consegue ouvir as ofensas as risadinhas...

Eu: Por que nunca revidou? Por que foi juntando tudo isso até explodir?

Ele: Até tentei mas a gozação era maior... Tem gente que nasceu pra ser palhaço e tem gente que nasceu pra dar risada no meu caso eu era a inspiração entende?

Eu: Entendo... Talvez se você tivesse procurado mostrar os limites de ambos... Não chegasse onde esta agora.

Ele: É pensando bem... Faltou um pouco de coragem, convicção, atitude...

Eu: Isso tudo veio de uma vez, da maneira errada, você deixou o copo transbordar.
Você tem medo agora?

Ele: Tenho uma tristeza absurda, um sentimento de solidão e abandono o qual nunca havia experimentado, dói ate lá na alma, sabe? Fora a privação de sua liberdade... Você deixa de ser gente.

Eu: Tem alguma... Lembrança que o console talvez?

Ele: De quando eu era criança... Depois que chovia, saíamos para brincar na rua em meio às poças de água... Era meio mágico, meio bobo, mas pra nós era um momento prazeroso! Lembro também dos meus pais... Do amor sabe? Antes de dormir meu pai vinha rezar comigo era um momento só nosso... Minha mãe quando chovia ficava olhando pela vidraça... Parecia contar as gotas que escorriam nela, ao mesmo tempo parecia medir a intensidade da chuva e os olhos ficavam serenos... Ela me dizia que eu ia ser um grande homem ao mesmo tempo em que ficava enrolando os dedos nos meus cabelos...
(Pausa...)

Eu: Mais alguma coisa?

Ele: Talvez... O sorriso cínico que virou outra coisa naquele momento, nunca vou esquecer!


Ah... o Ser humano!

Nenhum comentário: