quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O Canto do Outro Mundo - parte 1

Quando chegava sexta-feira, eu já me via ansioso e começava a contar o tempo. Era como se tudo naquele dia ficasse um pouco desinteressante, até chegar por volta das onze horas da noite.
Então, minhas mãos começavam a suar, meu coração passava a bater mais rápido, largava tudo que estava fazendo e me dirigia à praia.
Por morar somente algumas quadras do meu destino, logo eu já estava caminhando pela orla. Buscava o fim da praia, junto às pedras. Olhava atentanmente ao relógio, para que não me atrasasse. Já não chegava ao local com tanta antecedência, para diminuir a aflição de esperar até meia-noite.
Sentei-me nas pedras e fiquei aguardando... faltavam apenas dez minutos.
Olhei para o céu, a lua estava crescente, a brisa marinha era suave, e o barulho do mar era música pra os meus ouvidos.
Comei a me lembrar de quando tudo aquilo começou... eu andando de madrugada pela praia, vindo de um aniversário na cada de um amigo. O efeito das bebidas que havia tomado na festa me deixaram com uma sensação leve e por conta da caminhada estava calor. Resolvi molhar os pés, só que uma onda traiçoeira conseguiu molhar boa parte da minha bermuda. Achei aquilo bem estranho, mas o que se sucedeu foi mais estranho ainda.
Ouvi alguém rindo.... Imginei que não estava só. Olhei para os lados e não consegui ver ninguém. Imaginei que seria minha imaginção, por conta do álcool. Me virei para ir embora e a risada novamente aconteceu... Só que dessa vez era mais alta, como se estivesse bem perto de mim e por mais que eu procurasse, não via ninguém.
Eu estava com medo, então falei:
- Não tem graça!! Quem está ai!?
Só o silêncio respondeu junto com o barulho do vento... eu já estava apavorado! Pensei em correr dali, mas assim que pensei em me movimentar... ouvi um canto!! Um som muito suave, porém algo envolvente, que eu nunca ouvi na vida.
Senti um frio percorrer minhas pernas e passar pela coluna, senti minha boca salivar, tentei me mexer e... estava paralisado!! Não conseguia me mexer.
O canto passou a aumentar, como se estivesse vindo na minha direção.
Nem conseguir tremer eu tremia. Senti que meus olhos lacrimejavam e por estar paralisado, eu não conseguia enxugar as lágrimas.
Um misto de nevoeiro passou a tomar conta da praia, ou daquela parte onde eu me encontrava. Eu estava meio zonzo, meu coração estava disparado... e o canto só aumentava.
De repente, parou. Senti alguém do meu lado, senti que me observava, senti até sua respiração na minha orelha, mas não via ninguém... eu queria correr, gritar! Me esforcei muito e só saiu um longo suspiro. Foi quando ouvi uma feminina:
- Que perigo andar sozinho esta hora, rapaz!
O rosto de uma mulher muito bonita surgiu diante de mim. Ela era linda! Perfeita! Eu estava admirado com tamanha beleza. Ficou à minha frente, me observando como se eu fosse um extraterrestre.
Ela usava um vestido longo azul, o corpo parecia ter sido desenhado de tão hamônico, a pele era muito alva, cabelos negros como a noite... mas foram os olhos que mais me intrigaram, eram como duas safiras vivas! Um olhar muito penetrante. Me senti despido, como se ela conseguisse saber tudo que estava na minha mente, no meu ser...

Continua...

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