terça-feira, 4 de setembro de 2012

O dia que encontrei Julia Roberts

Era uma manhã de domingo, quando resolvi levantar mais cedo que de costume. Fui comprar um jornal. O dia estava ensolarado e isso já movimentava as pessoas nas ruas.
Perto da banca me deparei com uma figura que se destacava de tudo... era como se fosse uma pintura jogada num lago. Meus passos se petrificaram e fiquei observando aquela imagem. Por um momento estaria eu ainda respirando? Não sentia mais...
Não sei quanto tempo durou todo esse transe mas quando finalmente sai dele, caminhei ao meu destino... Senti um leve perfume no ar e quanto mais me aproximava... mais era a certeza de que quem estava ali era a "Linda Mulher", Julia Roberts!
Os cabelos eram ruivos-cor-de-fogo, como se houvessem sido desenhados. Procurei um fio fora do lugar e talvez até o tenha encontrado, mas não queria ver, não era preciso. As roupas não eram extravagantes, porém, de uma certa elegância, conforto e lhe davam um contorno perfeito à silhueta.
O jeito que olhava as revistas era de uma certa apatia, parecia estar matando o tempo... até que num simples gesto se virou e olhou para mim.
Existem momentos na vida que nada precisa ser dito, compreender já basta e aquele olhar era de receptividade. Já o sorriso... foi como se me roubasse totalmente o meu fôlego! Pensei que deveria ser essa a sensação do último sopro de vida. Por um momento morri e nasci novamente.
Voltando à minha nova vida fiquei a contemplar Julia... como era bela!
Não era como nos filmes, onde não se consegue ver as imperfeições. Aliás, que imperfeições? Ela respirava, tinha pelos no braço e rugas... fantástico!
Tentei falar alguma coisa, mas só com olhar ela indicou que queria tomar um café. Entramos naquela padaria e então me dei conta que todos olhavam, olhavam e olhavam para ela. Era como se ela houvesse embriagado todas as pessoas... as mulheres pareciam conviver melhor com a situação, mas mesmo assim estavam extasiadas.
Sentamos e eu pedi dois cafés. Ela não usou adoçante, só duas colheres de açúcar. Ficamos assim, sem dizer nada, saboreando a bebida. Um monte de perguntas vinham em minha mente, como por exemplo: O que ela  fazia ali? E porque estava tão pensativa? Quando seria seu próximo filme? Ou...
Ela terminou o café e fez sinal para que saíssemos. Terminei o meu e paguei, sem não deixar de notar que ela pegou seu torrão de açúcar e o embrulhou num guardanapo.
Saímos e na rua eu já quase me acostumava com todos aqueles olhares que se acercavam de nós... Por um momento, flutuei e curti a sensação de ser amigo ou sei lá o que de Julia Roberts... Eu explodia de alegria internamente, tive vontade de gritar, de dar uma cambalhota ou simplesmente beijá-la... mesmo que fosse no rosto! Mas se fosse outro beijo... nem conseguia imaginar.
Seguimos diante das ruas e notei que as pessoas, por mais que estivessem curiosas ou admiradas não se atreviam a chegar perto. Era como se ela criasse um campo de força, onde as pessoas eram repelidas. Ela via as pessoas, mas não as olhava... parecia distraída, perdida dentro de si mesma.
Nos aproximamos de uma praça e ela pegou levemente minha mão, me guiando para a grama. Eu, já muito acostumado à tudo aquilo ria e suspirava... parecia uma criança ao descobrir o primeiro amor.
Sentamos na grama e na hora lembrei de uma cena do filme: Um lugar chamado Notting Hill - logo no final, onde ela aparece grávida.
Ela se ajeitou e deitou no meu colo... era como se quisesse contar alguma coisa e eu resolvi perguntar, mas fui interrompido outra vez, quando ela colocou a mão em minha boca. Por um momento pensei: Seria Julia muda? - uma farsa ou algo assim? Não importava, agora meus dedos se embaralhavam em seus cabelos. Era como se fosse tudo uma brincadeira, onde ela permitia à experimentação.
Riu por algumas vezes, deixando ir embora aquele ar de perdida... e adormeceu. Fiquei velando seu sono, tentando imaginar o que sonhava ou era eu quem sonhava acordado?
Uma grito ouvido longe me despertou... "Juliaaaa!!" - alguém bradava.
Parecia que nossa história caminhava para um desfecho. Pensei em esconde-la, mas como esconder uma mulher daquele tamanho? Ainda mais dormindo...
A voz se aproximava e tomei coragem e a acordei. Ela abriu os olhos confusa, mas pareceu reconhecer a tal voz.
"Desculpe, preciso ir..." - foi a única frase que disse durante todo esse tempo.
Antes de se levantar, pegou de leve minhas mãos e pôs algo entre elas. Me deu um suave beijo nos lábios e se despediu.
Eu fiquei observando-a sumir na paisagem com uma figura que parecia ser seu empresário, agente ou sei lá o que. Ela ainda olhou para trás... uma única vez.
Me deitei na grama, olhei para o céu e naquele momento parecia que ia chover... Mas o que eu tinha em minhas mãos?

Um torrão de açúcar.







Um comentário:

lógos Alethéia disse...

Fantástico!
Consigo ver, sentir...

Sem mais o que dizer, se pode ver.

Abraço!