domingo, 19 de agosto de 2012

O menino que tinha medo.


 Foram só coisas soltas – soltas e complicadas, e conectadas de alguma forma que eu sentia, mas não podia ver, não podia explicar.
Às vezes sem razão, mas antes tinha razão – e é onde está a charada que eu não pude resolver: “Tudo muda em perspectiva e dimensão, mas a essência não”.
 - O que você deseja? – Eu perguntei a ele – Faça um pedido, e acredite, de todo o coração, que ele se realiza.
Então certa hora da noite ele me perguntava “Será que se escolhe acreditar de todo o coração? – E ele parecia doente – Porque se não for assim, se não puder acreditar de todo o coração, não dá para buscar como se deve e tornar real, ou se esforçar para tornar real, porque não se acredita.”
E eu disse que dava, sem saber ao certo o que falava – as pessoas fazem isso o tempo todo, parecia o certo a fazer. Mas ele disse, “Isso não seria se enganar? Isso de acreditar sem ser espontâneo”, e eu fiquei meio confuso.

Se eu falasse “eu”, me sentiria fraco, frágil, vulnerável... Tolo. Mas como é “ele”, sinto compaixão, empatia, e até certa afeição paterna – A consciência sobre a inocência. – Eu o entendo... E fico me perguntando, e pergunto a ele, e ele se perguntava e perguntava a mim, e todos nós nos perguntamos “o que há de errado com os olhos dele?”

O que eu podia ver, era que não era apenas um menino que não tinha medo e não tinha coragem, era mais que isso. Era alguma coisa nos olhos dele – Sobre a verdade de tudo.


Alexandre Vieira.

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