quinta-feira, 7 de junho de 2012

Presente - Fim...

Um dia, sentado no jardim, apreciava o anjo de pedra... Ficava imaginando se esses seres realmente existiam, eis que, uma senhora pulou na minha frente e tomei um susto, pois, ela tinha flores nos cabelos, usava  um vestido verde, um grande óculos vermelho e pantufas de abelhas!! Era uma velha doida, pensei.
Ela perguntou meu nome e mal respondi, saiu dançando com uma enfermeira... Apesar de tudo ter sido muito rápido, me vi de repente com uma certa disposição para fazer algo e lá fui eu tocar piano.
Comecei a tocar só que dessa vez era diferente, estava motivado, conseguia tirar daquele instrumento notas alegres que me faziam bem. Mais tarde fui para meu quarto com aquela nova sensação que não sentia há um bom tempo. Tinha sido inspirado! Mas pelo quê? Ou... por quem?
Fui dormir imaginando o que pode ter acontecido. De alguma forma, mesmo relutando, eu sabia que aquela doida deveria ter alguma ligação com o corrido.
Nos dias seguintes, discretamente passei a vigiar de longe a doida. Ela vivia cantando, pulando,  fazendo graça com as pessoas, contando piadas etc. Era óbvio, que deveria ter algum problema mental, mas o fato é que as pessoas sempre estavam sorrindo na sua presença. Eu, mesmo à uma certa distância, ria de ver as coisas que ela fazia.
Perguntei à alguém, o nome daquela criatura, era Esmeralda!
Passei a me acostumar às suas peraltices, e quando não a via... sentia sula falta. Comecei a me estranhar... estaria eu apaixonado por uma louca?
Um dia tomei coragem e fui tentar uma conversa com ela. Além de ser surpreendido, fiquei com muita vergonha. Ela me revelou algo como:
- Acha mesmo que sou doida? Pensei que fosse mais esperto! - ria ironicamente.
- Desculpe. - respondi, tentando achar outras palavras para me sair da situação.
- Não tem problema. Esse é o meu papel... se eu não agir assim, enlouqueço e eles brigam comigo.
- Brigam com você? Os enfermeiros? Porquê? - Fiquei confuso.
- Deixe para lá... não são os enfermeiros. Um dia você entenderá.
Após esse dia, fiquei com muita curiosidade sobre essa curta conversa. Não podia ter um nome tão próprio. Esmeralda era realmente uma joia, naquele deserto de melancolia tédio.
Passamos a nos encontrar outras vezes, percebi que ela sempre fazia uns gestos com as mãos, falando palavras incompreensíveis e sorria. Parecia uma espécie de benzimento.
Passei a ser mais gentil com as pessoas, me sentia alegre! Passei a ter mais contato com a natureza, tomando banho de sol, cuidando do jardim, dando comida aos pássaros.
Determinado dia, pedi para que meus filhos voltassem à me visitar. Percebia uma grande mudança em mim.
Meu filhos também perceberam, até sinalizaram para que eu voltasse para casa. Porém, eu não quis, estava bem naquele lugar e sentia algo novo!
Uma tarde, enquanto eu lia um livro no jardim, ela apareceu e sentou-se ao meu lado. Me deu uma pedra e disse:
- Acredita em anjos? - apontando o mesmo anjo de pedra.
- Não sei... - respondi, sem entender nada.
Ela segurou minha mão dizendo:
- Se acalme, por favor. O que tenho que lhe dizer é importante. O sonho que você teve na noite passada, foi real! Você encontrou com sua esposa e ela está imensamente feliz, por você ter que superado a tristeza acumulada dentro do seu coração. Ela ficou muito aflita, no início da sua chegada a este lugar, pois, via você lendo todas aquelas bulas de remédios e arquitetando para por um fim à sua própria vida. - disse isso, olhou-me nos olhos e se despediu.
Fiquei perplexo! A reação que tive foi chorar e chorei muito! Havia algo no ar que me fazia sentir uma emoção tamanha... foi quando avistei minha esposa sentada ao meu lado... Pensei que estaria num outro sonho ou eu já estava morto, mas ela me tranquilizou:
- Vejo que Esmeralda, fez um ótimo trabalho! Ah, rezei tanto por você... Ela é uma pessoa diferente, é médium. Você não percebeu? É que você não acredita, nisso não é mesmo? Pois, sempre que estavam juntos ela, lhe aplicava passes de "energia" e era auxilada por nós...
Nesse momento, apareceu um grupo de umas quatro espíritos todos de branco... consegui reconhecer minha mãe, meu avô e meu filho que havia morrido muito novo o outro não sabia quem era. Minhas mãos tremiam...
- Esse é Olavo. Um amigo protetor, ele cuida de você... é o seu mentor. Nós, te amamos muito meu querido! - dizendo isso, ela e todos os outros vieram me abraçar.
Eram como se fossem fortes vibrações! Algo que nunca senti em toda minha vida... Foi maravilhoso!!

A partir disso minha vida mudou... Passei a "trabalhar", com Esmeralda, ajudando as outras pessoas. Ela me ensinava tudo o que sabia.
Formávamos uma dupla e tanto, amparados pelos espíritos protetores até que ela desencarnou sete meses depois, eu três anos depois.
Escrevo esta, daqui do outro lado da VIDA!




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