terça-feira, 10 de abril de 2012

Os outros

Uma ligação e dois amigos combinam de se encontrar. É noite de sábado. João, escuta rádio no seu celular, enquanto o metrô vai cortando a vibrante São Paulo.
Enquanto isso, num outro lado da cidade, Gabriel está terminando de se arrumar. Ainda indeciso quanto às camisetas ou camisas que vai usar.
Em uma hora, lá estão os dois juntos, como antes, há 3 anos atrás. Um abraço, um: "E ae, como você tá?" - e os dois decidem ir à um bar, colocar o papo em dia.
Algumas cervejas depois de muito blá blá, é hora de fechar a conta. Ali não era só uma parada. Perambulam por algumas ruas onde há vários bares e um grande movimento de pessoas, encontram um camarada: o Beto. Agora formam um trio.
Combinam um destino e chegando ao local, mais bebidas para "esquentar"... Logo estão na pista, dançando e vibrando com o som. É uma grande festa. Uma espécie de clube onde, quase tudo é permitido.
Há muita azaração: cantadas, olhares, mãos-bobas (ops) e já é possível ver que alguém se deu bem... o Beto.
A dupla continua se divertindo, conhecem pessoas, reencontram conhecidos e... Mais bebida, mais pista! A noite não para!
Gabriel tenta esquecer das horas, mas checa o relógio que marca 04:45! "O que é bom dura pouco." - pensa.
Vai resgatar os amigos, mas Beto quer ficar. Com um: "Tudo bem..." e um abraço se despendem. Lá se vai a dupla que começou a noite.
Na rua, ainda estão eufóricos, brincando, sorrindo, comentando os fatos há pouco vivenciados... como amigos ou irmãos, permitem-se andar meio abraçados, talvez até para João se equilibrar melhor, pelo efeito do álcool... e ao dobrarem uma esquina, a tranquilidade é quebrada, como se fosse um relâmpago que surge com a chuva. Surgem um grupo de rapazes. Apesar de não serem militares, estão todos na cor da força nacional.
Nesse momento os dois jovens trocam um olhar, que se traduz em desconhecimento, mas rapidamente muda... para medo!
Agora é tudo muito rápido, o grupo difere xingamentos aos dois, só que junto com as palavras vem as ações... João vê o brilho de algo cortar o ar... é um soco inglês! O rapaz desmaia.
Gabriel, tenta se defender dos chutes que lhe cobrem todo o corpo, ainda assim consegue olhar o amigo desacordado que ainda apanha. Enquanto é surrado, caído no chão, ele por um lapso de raciocínio, tenta imaginar que aquilo tudo irá durar pouco... e dura.

João, já acordado chora compulsivamente num hospital... as dores das fraturas que tem no corpo não são nada comparadas a dor de saber que naquela noite, mais do que ser agredido sem motivo algum aparente... perdeu o amigo. Perdeu-o para a ignorância, a covardia, o desrespeito à vida, o direito de ser... humano.


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