Rubens saiu em uma manhã de domingo, no dia 31 de Dezembro. Houve uma discussão no jantar. Não conseguiu dormir porque estava ferido, não fisicamente, mas no coração.
Quando sentiu a claridade invadir seu quarto, levantou-se, sentou na cama, chorou e foi ao banheiro. Escovou os dentes, penteou os cabelos, passou pela cozinha e encontrou a irmã de 8 anos à mesa tomando seu café.
A menina ficou observando-o. Ele abaixou-se até ela para dizer alguma coisa... mas não disse. Sussurrou em meio às lágrimas. Beijou o rosto da irmã delicadamente. Ela sem entender muita coisa o abraçou e isso durou um certo tempo, como se houvesse uma eternidade entre eles.
Dez anos depois, aquela menina já não existe mais. Tomando seu café sozinha, está uma bela jovem que fica olhando fixamente para porta que está aberta...
Isso acontece todo último dia do ano. Ela fica repetindo mentalmente como em uma oração: "Rubinho, você vai voltar?" No fundo tem a esperança que esta última frase que disse ao irmão, seja respondida com o estado de sua presença. Mas depois daquele dia, Rubens nunca mais voltou.
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